Mulher Maravilha

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Mulher Maravilha (Wonder Woman, 2017) é, finalmente, um longa à altura de uma super-heroína do porte icônico da personagem. Focado na origem da guerreira, mostra a gênesis da defensora da humanidade de forma bela e poderosa - desde a obstinação por fazer o que precisava ser feito até o amadurecimento que só chega com a tragédia, o longa se preocupa em mostrar do que Diana é feita.

A fofíssima Lilly Aspel interpreta a jovem Diana

Diana (Lilly Aspel, fofíssima) é a única criança de Themyscira, a Ilha Paraíso. Filha da rainha Hipólita (Connie Nielsen), sonha em ser guerreira como a ia Antílope (Robin Wright, excelente). Querendo proteger a filha, a rainha a proíbe de ser treinada, mas é convencida pela irmã de que essa é a melhor maneira de protegê-la. A contragosto, a rainha cede. Conta à pequena princesa a história de seu povo e seu destino de proteger a humanidade, sendo que toda amazona deveria estar pronta para combater Ares - o deus da Guerra - quando ele estivesse pronto para voltar. Porém, nem todos os segredos são contados à menina.


Antílope (Wright), a poderosa general das amazonas: guerreiras incríveis
Diana cresce (e agora é vivida por Gal Gadot, como todo mundo já sabe) e torna-se uma excelente e poderosa guerreira, porém ainda não é páreo para sua tia. Ao descobrir um poder que ainda não sabe definir, a guerra encontra as amazonas. Diana se vê resgatando Steve Trevor (Chris Pine, em ótima atuação) de ser afogado em seu avião destroçado. Em seu encalço, um grupo de alemães que o perseguia também cruzam a barreira mágica entre a ilha e o mundo real. Logo as amazonas reagem à invasão, e, embora suas impressionantes e poderosas técnicas de luta sejam muito superiores às dos homens, eles têm algo que elas desconhecem: armas de fogo. A dura realidade da guerra mostra as garras injustas, e Diana agora precisa escolher: obedecer às ordens da mãe e rainha para ficar na ilha e esperar pela volta de Ares ou desobedecê-la e ajudar Trevor a dar fim a uma guerra que já matou milhares de inocentes. Parece óbvia a escolha dela, não é?



Trevor (Pine) em poder das amazonas: seu testemunho vai levar Diana (Gadot) para a guerra

Visualmente muito bonito - em várias sequências, parece que os quadrinhos ganharam vida e foram parar na telona -, com destaque para a produção de arte e figurino, e baseado em um roteiro razoável, a diretora Patty Jenkings (de Monster - Desejo Assassino) teve muito material para trabalhar. Nas entrelinhas, ponteado com muito bom humor e naturalidade, o discurso feminista discorre pelas ações e escolhas de Diana - e isso é um tiro certeiro. As partes de drama são bem entremeadas com as de ação, com peso e importância equilibrados, tornando a heroína ainda mais poderosa nas consequências de suas decisões. Mas, como "não existe um bom sem um porém", vou ser chata e criticar dois detalhes que me incomodaram muito - mas, que fique claro, não tira o mérito do filme.


Essa cena em slow motion é linda. Mas o exagero de efeitos nem sempre fica bacana




Acho que os estúdios um dia vão descobrir que mulheres também curtem cena de ação e luta intensa, especialmente se quem está "mandando bem" é uma mulher. Slow motion em cena de luta é até interessante (como as Wachowski mostraram para o público em Matrix), mas em excesso é um porre (como elas mesmo provaram na segunda temporada de Sense8). Não tem uma cena de luta nesse longa que não tenha sido interrompida por uma ação em câmera lenta; e nem sempre era para valorizar um golpe impactante. Todo mundo sabe que a Gal Gadot é linda e estrela do filme, não precisa ficar dando tanto detalhe no rosto dela no meio das explosões. Ou seja, nem só de homens que vão babar com a beleza da heroína vive a audiência. Grata pela compreensão.
 
Steve Trevor (Pine): mais do que só o par romântico da protagonista


Outro ponto foi o final ligeiramente melodramático. Engraçado pensar que não houve nenhum escorregão brega no relacionamento Diana e Steve durante todo o filme (aliás, uma salva de palmas para isso!), mas no momento mais decisivo, aos 48 do segundo tempo, estava lá: a breguice do amor romântico, a escolha mais importante movida pelo amor. Diana já tinha um senso de dever muito poderoso - tanto que a fez sair da ilha onde estava protegida mesmo contra as ordens da mãe - então achei que forçaram uma barra aqui, no ponto-chave do roteiro. Mas ok, vamos perdoar porque, apesar desses deslizes, não há demérito: o filme foi maravilhoso, com perdão do trocadilho.


Não é fácil engolir que ninguém reparou nessa espada, mas o caminho parece promissor
Com ótima fotografia, sombria na medida certa (sim, isso foi uma alfinetada nos antecessores Batman vs. Superman e Esquadrão Suicida), uma trama interessante e um elenco afinado, Mulher Maravilha tem tudo para ser um sucesso de público. E, principalmente, provou que a DC/Warner estão aprendendo com seus erros e aproveitando o momento para aparar arestas. Ainda há muito o que se lapidar, mas os augúrios são promissores. Se continuarem no caminho aberto pela amazona (olha só, uma metalinguagem rolando aqui?), o resultado só pode ser benéfico. Agora já posso dizer com ansiedade: que venha o filme da Liga da Justiça!





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